Editorial
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Abstract
Apresentamos com satisfação a primeira edição de 2016 da Revista de Administração Contemporânea - RAC. A edição é composta por seis artigos e uma nota bibliográfica.
O primeiro artigo, Capacidade de Absorção, Aprendizagem Organizacional e Mecanismos de Integração Social, de Florindo Rhaoni Picoli e Adriana Takahashi, busca, por meio de uma abordagem qualitativa, "compreender de que maneira se dá o processo recursivo de capacidade de absorção e de aprendizagem organizacional, por meio de mecanismos de integração social", estudando "o Programa Paraná Digital em duas instituições de ensino público de Curitiba".
No segundo artigo, Impacto Social: Estudo sobre Programas Brasileiros Selecionados de Pós-graduação em Administração de Empresas, Thomaz Wood Jr, Caio César Medeiros Costa, Giovanna de Moura Rocha Lima e Rosana Córdova Guimarães analisam o "impacto social no âmbito dos programas brasileiros de pós-graduação em Administração de Empresas".
O terceiro artigo, Tecnologia da Informação Verde: Um Estudo sobre sua Adoção nas Organizações, de Ana Carolina Salles, Ana Paula Ferreira Alves, Décio Bittencourt Dolci e Guilherme Lerch Lunardi, aborda "a adoção da TI Verde nas organizações, examinando, mais especificamente, os motivos de adoção, as práticas implantadas, os benefÃcios percebidos e as dificuldades enfrentadas".
Já no quarto artigo, Desaprendizagem Organizacional: Um Estudo de Campo na Universidade Federal de Santa Catarina, Gustavo Tomaz Buchele, Pierry Teza, Isabela Regina Fornari Müller e João Artur de Souza analisam "o processo de desaprendizagem organizacional em um setor de uma organização pública, ... utilizando como suporte a teoria de rotinas organizacionais".
O quinto artigo, Sistemas de Reputação: Um Estudo sobre Confiança e Reputação no Comércio Eletrônico Brasileiro, de Douglas de Lima Feitosa e Leandro Sumida Garcia, analisa "a coerência dos indicadores apresentados por sistemas de reputação de dois grandes sites brasileiros de avaliação de empresas", à luz da relação teórica entre os construtos confiança e reputação.
O sexto artigo, Há Fatores Não Econômicos na Formação do Preço de Imóveis?, de Lincoln Brando e Claudio Henrique Barbedo, "procura investigar a existência de um fator explicativo para a evolução do preço de imóveis residenciais, em particular nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo", avaliando "em que medida variáveis dos tipos comportamentais e econômicas ajudam a explicar o movimento de preços".
Esta edição traz também uma resenha bibliográfica, elaborada por Vanessa Theis e Dusan Schreiber, sobre o livro Green IT Strategies and Applications: Using Environmental Intelligence, de Bhuvan Unhelkar, e uma nota bibliográfica, elaborada por Magnus Luiz Emmendoerfer, da obra Public Sector Entrepreneurship, de Dennis Patrick Leyden e Albert N. Link.
Aproveitamos este editorial para apresentar alguns pontos discutidos no XV Encontro Nacional de Editores CientÃficos (ENEC), promovido pela Associação Brasileira de Editores CientÃficos (ABEC).
Em sua edição de comemoração dos 30 anos da ABEC, o ENEC trouxe diversos palestrantes, nacionais e internacionais, que abordaram temas atuais sobre editoração cientÃfica, incluindo inserção de periódicos nas mÃdias sociais, métricas de avaliação de periódicos, questões de ética na publicação, mecanismos de identificação de artigos e pesquisadores, entre outros.
É importante destacar que os eventos da ABEC são oportunidades únicas para a capacitação da equipe editorial, para a troca de experiências com profissionais de outras áreas do conhecimento e, principalmente, para que editores tenham contato com as tendências e desafios da publicação cientÃfica.
Em particular, um dos cursos apresentados no evento abordou o tema de peer reviewing, isto é, revisão por pares. De acordo com Mulligan, Hall e Raphael (2013), a revisão por pares refere-se à análise de um artigo por revisores que devem encaminhar análises, recomendando ao editor a aprovação, a rejeição ou a indicação de novas rodadas de aprimoramento. A relevância da revisão por pares pode ser ilustrada em pesquisa de Mulligan et al.(2013), que identifica que nove de cada dez autores consideram que a avaliação por pares contribui para o aprimoramento dos trabalhos.
Atividade fundamental na publicação cientÃfica, a revisão por pares ainda enfrenta diversos desafios, notadamente no contexto brasileiro. Apesar de os representantes internacionais não levantarem explicitamente problemas com pareceres de pares, diversos editores de periódicos nacionais têm enfrentado desafios para obtenção de avaliações adequadas.
É importante ressaltar que, ao submeterem um artigo, autores iniciam um processo que envolve não somente a equipe editorial como também um grupo de potenciais pareceristas que, por sua vez, poderão avaliar o trabalho. Apesar de, na maioria dos periódicos, o trabalho de avaliação não ser remunerado, é considerado uma contrapartida ou contribuição de pesquisadores ao processo editorial, uma vez que a publicação de suas próprias pesquisas depende do trabalho de revisores, a maioria voluntários.
No entanto, não é incomum que autores que submetem trabalhos não desempenhem atividades como avaliadores ou, quando o fazem, realizem avaliações menos pertinentes. De fato,Mulligan (2004) sugere que revisores consideram que as avaliações consomem bastante tempo, sendo vistas mais como uma tarefa ou obrigação do que como uma atividade que traz prazer ou realização. Embora a RAC disponha de um conjunto de pareceristas de alto nÃvel, que auxiliam substancialmente para o aprimoramento de trabalhos, tanto os aprovados quanto os rejeitados, há ainda diversos avaliadores que têm trazido pouca contribuição para o processo de análise de trabalhos.
Há avaliadores que, quando acionados a realizarem pareceres, simplesmente não respondem à s solicitações e aos lembretes de avaliações. Outros avaliadores, inclusive autores, simplesmente não aceitam avaliar nenhum artigo encaminhado pela equipe editorial para análise. Há ainda avaliadores que respondem estar disponÃveis para analisar um artigo e simplesmente não submetem seus pareceres, sendo necessários diversos lembretes e até mesmo o cancelamento do pedido de avaliação. Mesmo quando avaliadores encaminham seus pareceres, ainda pode haver problemas para o processo editorial. Por exemplo, pareceres extremamente sucintos, análises extremamente genéricas e avaliações com tom inapropriado dificultam o fluxo editorial.
A demora em responder sobre a disponibilidade de avaliação, o atraso na submissão dos pareceres e a elaboração de análises pouco úteis tornam o processo editorial mais demorado, uma vez que avaliadores adicionais se tornam necessários. É interessante destacar que muitos autores que reclamam do prazo de avaliação de seus trabalhos são justamente aqueles que não contribuem adequadamente para o processo de revisão por pares quando são solicitados a atuarem como pareceristas.
Tendo em vista que o processo de revisão por pares constitui etapa extremamente relevante no processo editorial, aproveitamos o editorial para indicar materiais que podem não somente auxiliar pareceristas a aprimorar suas avaliações como também pesquisadores a compreender melhor o processo de revisão por pares.
Um material básico sobre revisão por pares pode ser encontrado no documento elaborado pela Voice of Young Science (VoYS, 2012). Pontos negativos e positivos sobre a revisão por pares, principalmente em relação à conduta cientÃfica, podem ser encontrados, por exemplo, em Lachmann (2002) eMulligan (2004).
Relman (1990) e Smith (2006) apresentam alguns problemas da revisão por pares, como o elevado custo, considerando a expertise dos pareceristas e o tempo alocado para a realização de avaliações. Adicionalmente, Haug (2015) discute a pressão sofrida, tanto por autores quanto por editores, por publicações e seus potenciais impactos negativos no processo de revisão por pares.
De forma a trazer sugestões para o aprimoramento do processo de avaliação por pares,Jennings (2006) explora potenciais indicadores quantitativos, enquanto Lee e Bero (2006) apresentam orientações a autores, editores e pareceristas. Finalmente, Walker e Silva (2015) fazem um amplo estudo sobre tendências emergentes na revisão por pares como, por exemplo, os repositórios que dispensam a avaliação tradicional e a revisão não-seletiva, com ênfase em qualidade, ao invés de importância ou novidade da pesquisa.
As obras indicadas dão uma visão geral da revisão por pares, propiciando um entendimento sobre o processo, os problemas e os desafios desse importante mecanismo dentro do contexto de editoração de periódicos cientÃficos.
No mais, desejamos uma ótima leitura dos trabalhos publicados nessa primeira edição de 2016.
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