Editorial



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Herbert Kimura

Abstract

Apresentamos a nova edição da Revista de Administração Contemporânea – RAC, composta por seis artigos e duas notas bibliográficas.

O primeiro artigo, Carteiras Igualmente Ponderadas com Poucas Ações e o Pequeno Investidor, de Diogo Carneiro Santiago e Ricardo Pereira Câmara Leal, identifica no que carteiras formadas por participações iguais de ativos são, em comparação com Fundos de Investimentos em Ações (FIAs) “uma alternativa atraente ... para investidores com carteiras pequenas de ações, apesar de seus custos de transação poderem ultrapassar 400 pontos base por ano”.

O segundo artigo, Empreendedorismo Religioso: Um Estudo sobre Empresas que Exploram o Nicho da Religiosidade, de Alex Fernando Borges, Alessandro Gomes Enoque, Jacquelaine Florindo Borges e Lorrana Laila Silva de Almeida, buscou, por meio de pesquisa qualitativa com 22 empresas, “compreender as particularidades da manifestação do empreendedorismo religioso em empresas que nascem no contexto da religião e comercializam artigos religiosos”.

No terceiro artigo, O Papel do Consultor no Processo de Alinhamento Estratégico, Gustavo Abib e Norberto Hoppen analisam o “Alinhamento Estratégico (AE) entre a Tecnologia de Informação (TI) e os negócios” enfatizando o “papel do consultor no processo de AE”. Por meio de estudo de caso longitudinal identificou-se “o complexo papel do consultor, baseado em habilidades técnicas e sociopolíticas e, em especial, as necessidades de compartilhamento de conhecimentos”.

O quarto artigo, Análise dos Efeitos em Mercado de Capitais Decorrentes de Fusões: O Caso BRF S.A., de Patrícia Ribeiro Romano e Vinicio de Souza e Almeida, “investigou os possíveis efeitos no mercado de capitais ocorridos antes, durante e após a fusão da Sadia e Perdigão (nova BRF S.A), anunciada em 19 de maio de 2009”. Resultados indicam “retornos extraordinários positivos e estatisticamente significativos tanto para empresa Sadia (adquirida) quanto para a adquirente (Perdigão), sendo que os retornos da firma adquirida foram maiores do que os retornos da empresa adquirente”.

No quinto artigo, A Influência do Constrangimento do Consumidor no Processo de Compra, Giuliana Isabella, Lucia Salmonson Guimarães Barros e José Afonso Mazzon buscam mapear “como o consumidor age durante o processo de compra em situações que geram constrangimento”. Os resultados indicam que “o consumidor, ao se sentir constrangido, decide se abandona a compra (desistindo ou pedindo para outra pessoa fazê-la) ou se encara a situação; se optar por encarar a situação, toma coragem e desenvolve estratégias para enfrentá-la e terminá-la o mais breve possível”.

Já o sexto artigo, Análise Sócio-hermenêutica do Discurso da Sustentabilidade a Partir de Materiais Visuais, de Ana Lúcia de Araújo Lima Coelho, Christiane Kleinübing Godoi e Christiano Coelho, estuda “a análise do discurso da sustentabilidade ... a partir de materiais visuais”. Os resultados indicam que “o discurso da sustentabilidade dessa empresa, a partir das perspectivas metodológicas de análise de materiais visuais e dos níveis de análise sócio-hermenêutica do discurso, é uma construção carregada de interesses explícitos e, principalmente, implícitos”.

Esta edição apresenta também a nota bibliográfica, submetida por Magnus Luiz Emmendoerfer, referente à obra O Futuro das Cidades, de José Fernando Gomes Mendes, e a nota bibliográfica, encaminhada por Ranniéry Mazzilly Silva Souza, da obraAssédio Moral em Organizações Públicas e a (Re)ação dos Sindicatos, organizada por Magnus Luiz Emmendoerfer, Suzana da Rosa Tolfo e Thiago Soares Nunes.

Aproveitamos o editorial desta edição para apresentar alguns elementos associados aos periódicos Open Access(OA), ou seja, de Acesso Aberto (AA), cujo avanço e disseminação trazem novas perspectivas e desafios para a editoração e a publicação científicas. O tema é atual e relevante. Recentemente, houve uma polêmica discussão sobre periódicos acadêmicos OA, no qual a rede SciELO foi envolvida (ver, por exemplo, Beall, 2015Momen, 2015SciELO, 2015).

Sem entrar no mérito da discussão sobre as críticas de Beall (2015) em relação ao SciELO e sobre a reação da comunidade científica, é importante levantar pontos de atenção a respeito da política de acesso aberto que não são necessariamente imediatos. Por exemplo, Willinsky e Moorhead (2014) citam a existência de uma variedade de modelos de OA, incluindo a disponibilização de trabalho pelo autor, o acesso aberto patrocinado, o acesso aberto defasado, o acesso aberto com taxa de processamento e o acesso aberto emmega journals.

A própria definição de OA deve ser uniformizada. De acordo com Velterop (2005), o termo open access foi definido inicialmente em um encontro em Budapest e consolidado pelo Open Society Institute. Nesse encontro, estabeleceu-se a chamada Budapeste Open Access Initiative (Velterop, 2005), na qual o acesso aberto foi definido, de forma resumida, como literatura primariamente originária de artigos de journals com revisão por pares, disponibilizada gratuitamente por meio de internet pública, permitindo aos usuários a leitura, o download, a cópia, a distribuição, a criação delinks ao texto completo dos artigos, etc., sem a existência de barreiras financeiras, legais ou técnicas (BOAI, 2002).

Diversas outras iniciativas, como por exemplo, as declarações de Bethesda (sobre a publicação open access em 2003), Berlim (sobre o acesso aberto ao conhecimento em ciências e humanidades, em 2003) e Salvador (sobre o compromisso com a igualdade em 2005), reforçam a tendência da política de acesso aberto à produção científica. O próprio governo americano tem estabelecido políticas para aumentar o acesso aos resultados de pesquisas financiadas com fundos federais (OSTP, 2013).

Em um âmbito mais específico, de acordo com Santos, Peres e Packer (2015), o SciELO exige a formalização do acesso aberto, por meio da adoção de atribuições baseadas no sistemaCreative Commons (CC), como critério de indexação na plataforma. Desde julho de 2015, a licença CC-BY substitui a licença CC-BY-NC nos periódicos do SciELO (Santos, Peres, & Packer, 2015). A RAC aderiu à licença CC-BY, adequando-se às orientações do SciELO. Sugere-se que autores e pesquisadores interessados em submeter trabalhos à RAC se familiarizem com as políticas e licenças relacionadas ao acesso aberto.

Finalmente, é importante destacar que a licença CC-BY, utilizada por importantespublishers OA, como por exemplo, PLoS e Biomed Central, permite uma maior disseminação de informação, assegurando, ao mesmo tempo, crédito ao autor e ao periódico em que foi originalmente publicado (Santos et al., 2015).

Como o leitor pode ver pelos diversos editoriais da RAC, o mercado de editoração científica vem sofrendo diversas mudanças, muitas vezes silenciosas, mas que trarão impactos relevantes para pesquisadores.



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How to Cite
Kimura, H. (1). Editorial. Journal of Contemporary Administration, 19(5), 1-3. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2015150242
Section
Editorial